quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

GRAVURA A CORES COM PERDA DE MATRIZ

No segundo trabalho prático, orientado pelo Professor Dr. Everardo Ramos, resolvi tentar uma técnica de gravura à cores, possivelmente inventada pelo mestre Pablo Picasso. Essa técnica é chamada de "gravura à cores com perda de matriz", por causa do processo em que é obtido a gravação. Como exemplo, vou demonstrar a gravura que fiz nessa técnica. Primeiro cortei o que era pra ficar em branco. Apliquei a cor amarela em toda a matriz. Feito isso, retirei da matriz a parte correspondente ao amarelo. Misturando tinta off-set amarela com pequenos pingos de tinta tipográfica vermelha consegui uma tonalidade laranja, mais escura que o amarelo. Por ser mais escuro, o laranja cobriu o amarelo. Para concluir, imprimi a cor mais escura, o vermelho, sobre as duas cores anteriores. O resultado é uma gravura multicolorida, limpa, sem problemas de registro, já que apenas as tintas se sobrepõem e a matriz é a mesma. O resultado da experiência foi satisfatório, pois, além de um estilo de gravura diferente, consegui comprovar a possibilidade de uso da tinta off-set para gravura, misturando os dois tipos de tinta e equilibrando o seu tempo de secagem.

domingo, 2 de novembro de 2008

A PRÁTICA ALIADA A TEORIA

Após as muitas elucubrações teóricas, tiveram início as aulas práticas no nosso ateliê de gravura.
Em princípio, fiz experimentações visando adquirir um melhor controle das goivas e descobrir qual a ferramenta indicada para cada tipo de trabalho. A partir das experiências foi surgindo uma figura feminina meio abstração, meio arte representativa. Aprendi também a técnica de fazer gravura caseira a partir de utensílios como a colher de pau. Após essas experimentações e seguindo a orientação do Professor Everardo, resolvi tentar um tipo de gravura de estilo mais aproximado ao do xilógrafo Aucides Salles, ou seja, da linha dos xilógrafos de Juazeiro do Norte, que utiliza com muita frequencia os tons "cinzas" ou seja: áreas brancas, negras e uma intermediária. Comecei em casa com um esboço do pátio interno do Forte dos Reis Magos. O resultado impresso saiu muito bom na minha opinião. Partirei agora para outras pesquisas.

A ROTA DA GRAVURA. UMA EXPERIÊNCIA GRATIFICANTE

No segundo semestere de 2006, fomos, acompanhados do Professor Pedro Roberto, da disiciplina Gravura I, visitar algumas cidades do nordeste onde se produz a xilogravura, literatura de cordel e artesanato popular. Durante a viagem fui "contagiado" pelo clima dentro do ônibus. Ali só se respirava cultura popular. Professores de arte, estudantes, artistas plásticos, cordelistas, xilógrafos, davam o tom da odisséia que começara na sexta-feira, no DEART, e se estenderia até o domingo. Caruaru, Alto do Moura, Terra do Mestre Vitalino, Bezerros, Condado, Gravatá, Olinda e Recife foram alguns locais visitados. Quando o professor Pedro nos solicitou que fizéssemos um relatório sobre a viagem/aula de campo, pensei: por que não tentar fazer esse relatório em forma de cordel? seria uma nova experiência para mim que nunca tinha feito nenhum tipo de poesia antes. Resolvi tentar. O resultado foi o folheto "Rota da Gravura. Uma aula de cultura popular. A capa, como não poderia deixar de ser, foi uma linóleogravura de minha autoria. Gostei tanto da experiência que resolvi tentar de novo. Publiquei um segundo cordel, também resultado final de um trabalho do curso, dessa vez da disciplina Antropologia Cultural. Como resultado maior dessa experiência, ficou o interesse pelo cordel, motivo pelo qual escolhi o tema para o meu projeto de pesquisa, na disciplina Tópicos de Pesquisa em Artes.

AULAS EM POWER POINT (GRAVURA II)

Na nossa primeir aula o tema abordado foi Origens e evolução geral da gravura. Segundo a ementa do professor, vimos os antecedentes da gravura: objetos gravados da Pré-História e selos cilíndricos da Antiguidade. China: invenção do papel e origens da gravura (madeira). Europa: iluminuras, origem da gravura (madeira), livros xilográficos, gravura de ilustração, gravura em metal, gravura de topo, litografia.
Fiquei curioso, principalmente, com os selos cilíndricos. Resgatando essa técnia, hoje temos algo que se aproxima, como as modernas rotativas que imprimem embalagens plásticas, claramente inspiradas na técnica referida. Assim como as modernas off-set derivaram do princípio da rejeição água/óleo utilizado na litogravura. Realmente nada se cria.

Em seguida estudamos o Nascimento da gravura moderna. A gravura até o século XIX: arte menor, arte de reprodução, obra de artesão. Novos procedimentos do século XIX: litografia impressa mecanicamente, cromolitografia, vinhetas, fotografia. A gravura impressionista: gravura original, Provas de Estado, nova estética (influência japonesa), experimentalismos (impressão, retoque de estampas). Justificação de tiragem.
Destaco durante esta aula uma característica visível do período: a apropriação de obras consagradas pelos gravadores da época. "O Triunfo da Galatéia", de Rubens, "As quatro mulheres", com várias releituras, "Os amantes surpreendidos pela morte", são exemplos claros dessa afirmação. A cromolitografia, as vinhetas, característica herdada pelo precursor da xilografia no Rio Grande do Norte, João da Escóssia, no jornal "O Mossoroense", foram outras curiosidades dignas de destaque.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

CULTURA VISUAL EM DESENHO E GRAVURA

Quero aqui nesse texto fazer uma avaliação da minha primeira participação na Semana de Humanidades do CCHLA, apresentando um trabalho próprio. Antes disso, as participações foram apenas em oficinas diversas, o que também não deixou de ser uma forma de aprendizagem. A experiência foi muito prazerosa. Confesso que fiquei um pouco temeroso, pois se tratava da primeira atividade fora do DEART, portanto longe da minha casa. É como ir jogar futebol no campo do adversário. Mas a prática acadêmica prevê isso mesmo, afinal de que vale o conhecimento se não puder ser mostrado para outras platéias, fora do nosso círculo?
O trabalho em si, foi muito bom de fazer. É uma área de meu interesse e tive a sorte de conseguir bons livros para a fundamentação teórica, como “A Literatura de Cordel no Nordeste do Brasil”, da Professora Julie Cavignac, e “Memória das Vozes: Cantoria, romanceiro & cordel”, da pesquisadora Idelette Muzart-Fonseca Santos. Contribuiu muito, o fato de o tema apresentado ser objeto do meu projeto de pesquisa na disciplina Tópicos de Pesquisa em Artes, o que me proporcionou certa tranqüilidade, pois já possuía muito material coletado. Ademais, o fato de já ter experiência prática com Literatura de Cordel (escrevi dois folhetos, ambos dentro do curso), e da xilogravura através de da disciplina Gravura I, foi outro ponto a meu favor.
No final, acho que me saí bem, o trabalho ficou bem estruturado e a apresentação de forma dinâmica, mesclando as duas linguagens, justificou seu título: “Cordel e Xilogravura: Interseções de linguagens à favor da arte”. Espero, agora com mais tranqüilidade a oportunidade de falar mais sobre xilogravura e literatura de cordel para assim precisar pesquisar mais e acumular muito mais conhecimento dentro dessa área de estudo interessante dentro do contexto sócio/cultural do meu estado, e também do resto do Brasil.

O PORTFOLIO COMO FERRAMENTA DE AVALIAÇÃO: VANTAGENS E DESVANTAGENS.

Por: Edson Lima

O processo de ensino/aprendizagem evoluiu muito na última década com a utilização das novas tecnologias na educação. O uso da internet, do audiovisual, televisão, entre outros, nas práticas de ensino, colocam-nos frente ao desafio de encontrar formas de avaliação mais consistente, onde se possa valorizar o uso dessas tecnologias, além de avaliar a evolução diária do aluno. Diante disso, vejo com bons olhos essa orientação de usar o portfolio como instrumento principal de avaliação que nos foi proposto pelo Prof. Luciano Barbosa e, que agora retomo, com o Professor Doutor Everardo Ramos na disciplina Gravura II.
Já tive algumas experiências com o portfolio tanto na minha vida profissional como na vida acadêmica. O portfolio, em suas várias formas de apresentação, é muito utilizado por profissionais como publicitários (onde me incluo), arquitetos, designers, entre outros. Pude constatar, observando antigos portfolios de épocas distintas na minha carreira profissional, a minha evolução, que nesse caso acompanhou a evolução tecnológica. Essa é uma das vantagens dessa ferramenta. A auto-avaliação.
Na vida acadêmica tive algumas experiências com o seu uso, sendo que elas não tinham essa denominação. Mas o espírito era o mesmo. Na primeira experiência, nas disciplinas Desenho de Observação I e Gravura I, o professor Pedro Roberto optou por colecionar nossos exercícios práticos em pastas individuais. Durante o desenvolvimento das disciplinas, ele expunha os trabalhos de todos os alunos, e pediam que os mesmos comentassem alguns pré-selecionados. Ao final, ele deu a nota de cada um, baseado na evolução e não no domínio técnico do desenho ou da gravura, o que se mostrou mais justo para todos, que aprovaram a metodologia do Professor Pedro Roberto. Essa é outra característica do portfolio. A pré-definição de critérios de avaliação.
A outra experiência se deu com o Professor Vicente Vitoriano nas disciplinas de Pintura I, História da Arte III e Fundamentos da Linguagem Visual. O professor adotou como uma das ferramentas de avaliação o que ele chamou de “scrapbook”, um livro onde nós colecionávamos anotações sobre as fases do desenvolvimento de trabalhos práticos, visitas a exposições, produções textuais, pesquisas, comentários em sala de aula, recortes de jornais, rascunhos, etc. Tudo isso era enriquecido por anotações do próprio professor, tipo: “parabéns, está muito bom”, “você precisa de mais embasamento teórico”, “onde foi que você viu essa afirmação?” Mais uma característica do portfolio: a oportunidade da correção da rota pré-estabelecida na definição dos critérios. Ao final, a apresentação desse livro tinha um peso na nota.
Como vemos, é uma forma muito justa de avaliar o interesse e a participação do aluno na disciplina, pois se o mesmo não “adotar” a metodologia desde o início, ele fatalmente se perderá no processamento das muitas informações adquiridas ao longo de todo processo de aprendizagem. E essa é a grande desvantagem do portfolio para o aluno. Se ele, por falta de tempo, falta de vontade ou outro motivo que seja, não fizer as anotações durante as aulas, fatalmente sairá prejudicado, já que será difícil lembrar de tantas informações no final do período, ou a qualquer momento que o professor solicitar o portfolio para acompanhamento ou avaliação.
Mas, e se em algum momento houver falhas por parte do professor? E se ele não explicitar com clareza qual o seu critério de avaliação? Se não fizer o acompanhamento necessário, a cada período pré-estabelecido? Se não cobrar do aluno? Esse é outro risco que o estudante corre. Se o professor não acompanhar e avaliar com responsabilidade, também aí, o aluno será prejudicado na medida em que não haverá a correção de rota ou o acompanhamento da evolução.
Concluindo, vejo grandes possibilidades na utilização do portfolio como forma de avaliação desde que esses quatro pressupostos sejam pactuados e cumpridos pelos sujeitos envolvidos: auto-avaliação, pré-definição de metas, engajamento do aluno e responsabilidade do avaliador/professor, pois, a falta desses, tornará o portfolio do aluno mera peça decorativa, um álbum de imagens.
Próxima postagem: Semana de Humanidades: